P. Quem são as pessoas que não podem tomar ayahuasca?
R. São as pessoas que não querem ou não são capazes de se submeter às disciplinas e exigências da bebida, bem como as pessoas portadoras de certos transtornos psiquiátricos e certas doenças físicas específicas.
P. A ayahuasca pode curar os viciados em drogas?
R. Depende. Se o viciado está sinceramente tentando se curar e for capaz de se afastar do vício por algum tempo, a ayahuasca lhe dará forças para se libertar. Contudo, se o viciado cometer a loucura de tentar conviver com as duas coisas, sem largar nenhuma, será fulminado cedo ou tarde. Não se pode mesclar o celestial com o infernal impunemente.
P. Por que há pessoas que tomam ayahuasca e passam a acreditar que são Jesus Cristo, Buda ou outros personagens religiosos?
R. Porque não foram instruídas ou não possuem a lucidez suficiente para compreender o que é a verdadeira comunhão das almas no céu e distorcem a experiência.
Nos mundos superiores, a comunhão de almas é tão grande que a individualidade desaparece. Se um personagem religioso ou herói mítico é muito importante para mim, me fusionarei com ele e vivenciarei sua vida como se fosse a minha. Entretanto, esta comunhão se verifica somente lá, nas alturas, e não aqui embaixo. Uma pessoa fraca de entendimento poderá não compreender que sua comunhão foi temporária e, ao retornar, seu ego ordinário se encherá de orgulho e distorcerá a experiência. E a culpa não terá sido da ayahuasca, que somente proporcionou a experiência, mas sim do Ego humano que não foi capaz de assimilá-la e a distorceu.
P. Ayahuasca produz dependência psicológica?
R. É uma pergunta absurda. Não existe dependência psicológica produzida por elementos externos, pois quem produz a dependência psicológica é a própria pessoa. Uma pessoa pode ser dependente da ayahuasca tanto quanto pode ser dependente de carros, de televisão, de roupas de grife. O mecanismo da dependência psicológica é o mesmo. Retire de você alguns objetos dos quais gosta muito e você se descobrira um dependente psicológico daquilo. Ou seja: todas as coisas agradáveis podem ser veículo de uma dependência psicológica, mas quem cria a dependência é o psiquismo da pessoa. Quem foi que te tornou depende psicologicamente da televisão? Foi a televisão ou foi você mesmo?
P. Por que as visões da ayahuasca não são alucinações?
R. Em primeiro lugar, porque, ao contrario do que ocorre nas alucinações, o sujeito da experiência se mantém consciente de que os objetos de suas percepções alteradas não pertencem à realidade tridimensional. Se vejo, sob efeito da ayahuasca, um espírito em forma de jaguar na minha frente, saberei que aquela é uma entidade espiritual e não acreditarei que fugiu de algum zoológico. Os videntes ayahuasqueiros não confundem as almas que percebem com seres físicos, preservam o discernimento. Já o alucinado não possui discernimento. Quem tem uma alucinação com um jaguar, telefonará para o zoológico, pois acreditará que o jaguar é de carne e osso.
Em segundo lugar, porque essas percepções, quando experimentadas coletivamente, muitas vezes coincidem com espantosa riqueza de detalhes.
Em terceiro lugar, porque o conteúdo dessas visões, quando se referem a fatos deste mundo material, pode, muitas vezes, ser verificado e confirmado por outras pessoas de forma independente.
Esses fatos deveriam ser motivos mais que suficientes para se classificar a ayahuasca como uma substancia visionaria misteriosa, distinta dos meros alucinógenos é digna de ser melhor investigada por físicos, filósofos da mente e parapsicólogos.
P. Por que a ayahuasca não é droga?
R. Porque ela proporciona experiências completamente distintas das drogas e porque os efeitos fisiológicos também são diferentes. As ondas cerebrais correspondentes ao estado místico da ayahuasca são muito semelhantes às ondas do estado da meditação e completamente diferentes das ondas dos psicóticos e dos viciados. Se você duvida, que vá estudar e pesquisar este ponto.
É interessante observar que as pessoas qualificam a ayahuasca como droga, mas não a colocam ao lado dos medicamentos, isto é, dão à palavra droga um sentido pejorativo. O motivo são as visões: toda percepção do ultra é considerada, pelos ignorantes, como alucinatória. Para eles, somente a percepção sensorial comum tem status de janela para a realidade. Por que eles não vão estudar um pouco de filosofia da mente e física quântica, antes de se pronunciarem sobre o que não conhecem?
Se você é um desses quimiofóbicos que sentem pavor dos princípios ativos da ayahuasca, sugiro que arranque a glândula pineal do ceu cérebro e também que destrua todos os tecidos do seu corpo físico, pois as betacarbolinas e as triptaminas existem dentro de você. Essas substâncias existem naturalmente nos corpos dos seres humanos e, se fossem realmente tão diabólicas e terríveis como querem fazer parecer, então o melhor mesmo seria que as pessoas parassem de viver...Cuidado! Se apavore! Você contém betacarbolinas e triptaminas em seu corpo!!!!
P. Por que a experiência da ayahuasca não é coisa do Diabo?
R. Porque ela empurra o homem para o bem e não para o mal, cura doenças, proporciona sentimentos intensos de amor a Deus e à humanidade, origina sentimentos intensos de comunhão com a criação, um desejo ardente de unir-se a Deus e de libertar-se dos pecados, dá o arrependimento, promove a revisão da vida e a correção da conduta pecaminosa, além de exigir castidade. Certamente, o Diabo não inspiraria o homem a buscar a Deus, a amá-lO, a entregar-se a Ele. Tampouco inspiraria o homem a se libertar dos pecados.
A ayahuasca proporciona tudo aquilo que vocês, os fanáticos religiosos, sempre buscaram tanto e nunca conseguiram: a castidade verdadeira, o desapego, o desprendimento de Mammom. O vinho das almas permite que se alcance virtudes reais de fato e que se abandone definitivamente as virtudes fingidas e simuladas, tais como aquelas que vós, os fanáticos religiosos, praticais. Vos, os fanáticos, sois fracos e não praticais aquilo que pregais. É por isso que acusais a ayahuasca de ser um presente do Diabo. Saibam que pagarão caro por blasfemarem e atentarem contra a obra de Deus, movidos pela inveja daqueles que verdadeiramente conseguem praticar as virtudes que tanto cobiçais.
P. Por que algumas pessoas ficam apavoradas quando ingerem ayahuasca?
R. Porque não suportam a crua realidade que lhes é revelada.
Não há como dissociar a experiência espiritual da questão da morte. Toda experiência espiritual é, sob algum aspecto, a experiência do destino da alma após esta vida.
Muitas pessoas, ao se depararem com a crua realidade da existência de vários universos paralelos, são tomadas de terror. Este terror é algo intrínseco à natureza delas, não é proporcionado pela ayahuasca. A ayahuasca mostra as outras realidades, ou aspectos normalmente ocultos da realidade, e a pessoa sente o medo por si mesma. É, portanto, o psiquismo particular da pessoa é o responsável pelo medo não a ayahuasca, a qual é somente abre a visão espiritual. É por isso que nem todos sentem o mesmo pavor diante de uma mesma visão.
A ayahuasca não infunde o medo, apenas dá a experiência. É o psiquismo da pessoa que se encarrega de sentir o medo.
P. Quem são os grupos interessados na campanha midiática difamatória que está sendo orquestrada contra a ayahuasca?
R. São os grupos que se sentem diretamente ameaçados por sua difusão na sociedade brasileira. São eles os fanáticos religiosos, os fanáticos materialistas e aqueles que temem o impacto de uma massiva afinidade da população com as questões ambientais e indígenas, além de alguns grupos estrangeiros interessados na patente do produto, é claro...
Os grupos fanáticos religiosos temem perder espaço para o Daime, uma vez que esta bebida proporciona acesso àquilo que eles sempre prometeram aos fiéis e nunca foram capazes de dar-lhes. Os grupos fanáticos materialistas temem a difusão massiva de experiências parapsicológicas, o que faria com que seu ceticismo unilateral caísse em descrédito. Os grupos que tem interesse em desmatar o país e invadir as terras indígenas temem que ocorra um posicionamento em massa da população em favor dos índios e das florestas, pois a ayahuasca proporciona sentimentos de forte comunhão com as culturas xamânicas e com todos os seres da criação.
É curioso que, enquanto no Brasil há uma campanha orquestrada para demonizar a bebida com base em mentiras, fora do Brasil há cada vez mais pesquisas sobre os seus poderes curativos. Houve, inclusive, uma tentativa de patenteamento, por parte de uma empresa norte-americana, que felizmente foi revertida pelos índios. Ou seja, todos esses grupos estão bem articulados entre si, uma vez que seus interesses são convergentes.
Enquanto o Daime for um patrimônio cultural do Brasil, será muito difícil que seja patenteado por alguma empresa estrangeira. É por isso que a campanha difamatória proibicionista aqui dentro do Brasil está sendo vista com bons olhos por aqueles que querem patenteá-la. Se for proibido, o Daime deixará de ser patrimônio cultural da nação, o que obviamente deixará livre o caminho para o patenteamento.
É curioso observar que todos esses grupos ressaltam o que eles chamam de "efeitos negativos" da bebida e sua suposta "similaridade com as drogas", mas escondem, de propósito, seus efeitos positivos, as diferenças desses efeitos em relação aos efeitos das drogas e suas semelhanças com os estados místicos. Escamoteiam intencionalmente tais pontos com intenções evidentes.