terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sobre "não começar"

Um dos segredos, na morte dos defeitos, é "não começar": não começar a pensar, não começar falar e não começar a fazer as besteiras.

Na morte do ego, um dos segredos fundamentais é esse de "não começar": não começar a pensar e não começar a fazer o que não se deve. Sempre que "começamos", não conseguimos mais nos livrar daquilo que acordamos. É mais fácil evitar dar a partida do que parar o carro a cem quilômetros por hora.

Corte todas as formas de alimentação do desejo que você quer eliminar. Toda lembrança, toda fala, todo ato, todo olhar, tudo! Morra! Que aquilo não exista mais para você!

Nos casos mais graves, você deve mesmo evitar totalmente a presença e a proximidade do objeto desejado. Isso não é fugir do enfrentamento e nem reprimir. É descobrir canais de alimentação que antes eram inconscientes, é encontrar formas inconscientes de nutrir o defeito e removê-las.

Corte absolutamente tudo e nos conte os resultados. Preste atenção nos detalhes pequenos do seu comportamento, formas disfarçadas e sutis de nutrir defeitos.

Ampliação em 10/09/2013

Se procedermos assim, desviando os passos daquilo que nos arrasta para o mal, ficaremos cada vez mais sáttwicos, mais elevados espiritualmente e nossas experiências com a ayahuasca serão experiências de luz.

Reaprendizagem da vida por uma planta maestra

A experiência da ayahuasca é assimilável e compreensível, apesar de não ser muito definível e nem explicável.

A ayahuasca promove um "desaprendizado" o qual, por sua vez, resulta em um reaprendizado, em um aprendizado novo. As sinapses se tornam livres para sofrer então um rearranjo.O rearranjo das sinapses livres não ocorre ao acaso, é guiado por forças espirituais. Daí a necessidade de sintonia com o Alto antes e durante a experiência. Quanto mais sáttwicos estivermos, mais elevada será nossa experiência. 

Tudo o que vemos, percebemos e sentimos é uma questão de aprender e compreender. Ao longo da vida, aprendemos a compreender o mundo de determinada maneira. O resultado é a nossa atual forma de ver, sentir e perceber as coisas. Nossos erros, vícios, traumas, problemas emocionais, fobias etc. são formas defeituosas de aprendizagem que desenvolvemos através de experiências tortuosas e possuam suas raízes no passado. A forma como recebemos os acontecimentos passados determinou a forma como os vemos hoje.  

Quando você passar pela experiência da ayahuasca, nunca se esqueça: você irá se transformar em outro, será algo distinto.

Quando o nosso modo de compreender sofre uma transformação radical, desenvolvemos a capacidade de enxergar o que antes não éramos capazes e tudo muda. Por isso os xamãs dizem que a ayahuasca é uma planta maestra: ela corrige as aprendizagens defeituosas e ensina.

Algumas vezes, a mudança psicológica é tão radical e súbita que a pessoa se apavora. O medo da ayahuasca é o medo de nunca mais voltarmos à realidade que nos é familiar, à realidade conhecida e que tanto amamos. O medo se deve ao moha. Tememos ficar presos para sempre na realidade espiritual.

Quando você vê uma montanha, não vê a totalidade da montanha, há muito mais a ser visto. A totalidade da montanha ultrapassa em muito aquilo que o olho humano normalmente vê. Sob o efeito medicinal da ayahuasca, vemos os aspectos da montanha (e do universo) que estão além do alcance da vista normal pois nosso modo de entender a montanha muda completamente e nela encontramos formas que nunca havíamos cogitado. 

No fundo, a capacidade de enxergarmos as outras dimensões, os seres espirituais, os universos paralelos, os espíritos da natureza, de sairmos do tempo e do espaço etc. corresponde meramente a uma forma específica de compreender e receber a realidade, mas a mudança não é tão fácil de realizar como parece. As estruturas mentais estão cristalizadas dentro de nós e não cedem ao mero esforço da vontade.

Uma forma rápida e brusca de quebrarmos as estruturas mentais rígidas é através das plantas de poder como a ayahuasca. Uma forma um pouco mais lenta, mas igualmente eficaz e mais "homeopática" é a meditação. E uma forma bem mais lenta, mas muito mais duradoura e enraizada é a Morte do Ego.

Nenhuma planta maestra promove a Morte do Ego, como muitos pensam, mas a ayahuasca a facilita enormemente ao descondicionar o entendimento e ampliar a compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos. E quem negaria que a Morte do Ego depende da melhor compreensão do que somos e da transformação das impressões do que percebemos?