sexta-feira, 9 de abril de 2010

Estudos científicos sobre ayahuasca

É triste constatar que muitos brasileiros sejam tão ignorantes a respeito de sua própria cultura e de sua própria flora e que digam todo tipo de asneiras ridículas e mentiras sobre a ayahuasca. O mais grave é que existam muitos jornalistas desinformados, que saem escrevendo por aí que a ayahuasca é algo igual à morfina, à cocaína, ao lsd, ao álcool, à maconha etc.

Bando de ignorantes! Porque não estudam antes de escrever sobre alguma coisa? Porque não comparam o teor das experiências, o estado de consciência, as ondas cerebrais etc. para ver a diferença que há entre a ayahuasca e as drogas?

Vai aqui uma lista de estudos para os ignorantes que detestam a ayahuasca e fazem toda sorte de acusações horríveis contra esta bebida sagrada. Irei postanto mais e mais referências conforme tiver tempo. Se vocês tiverem tempo, postem bastante material sério aqui.

Sugestões bibliográficas para ignorantes e interessados sinceros em aprender sobre ayahuasca:

Budzynsky TH. 1986. Clinical applications of non-drug-induced states. In Handbook of States of Consciousness, Wolman BB, Ullman M (eds.). Van Nostrand Reinhold Co.: New York.

Callaway J C, McKenna DH, Grob CS, Brito GS, Raymon LP, Poland RE, Andrade EN, Andrade EO, Mash DC. 1999. Pharmacology of hoasca alkaloids in healthy humans. Journal of Ethnopharmacology, in press.

Cowan JD. 1993. Alpha-theta brainwave biofeedback: The many possible theoretical reasons for its success. Biofeedback 21 (2), 11-16

Dafters RI, Duffy F, O'Donnell PJ, Bouquet C. 1999. Level of use of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA or Ecstacy) in humans correlates with EEG power and coherence. Psychopharmacology (Berl) 145(1): 82-90.

Don NS, McDonough BE, Moura G, Warren CA, Kawanishi K, Tomita H, Tachibana Y, Böhlke M, Farnsworth NR. 1998. Effects of Ayahuasca on the human EEG. Phytomedicine, Vol. 5(2): 87-96. Fink M. 1976. Effects of acute and chronic inhalation of hashish. Marihuana, and delta 9-tetrahydrocannabinol on brain electrical activity in man: evidence for tissue tolerance. Ann N Y Acad Sci 282: 282-387.

Fink, M. 1978. EEG and psychopharmacology. Contemp. Clin. Neurophys. Suppl. 34: 41-56.

Gamma A, Frei E, Lehmann D, Pascual-Marqui RD, Hell D, Vollenweider FX. 2000. Mood state and brain electric activity in ecstacy users. Neuroreport 11 (1): 157-62

Green E, Green A. Beyond Biofeedback. Dell Publishing Co.: New York 1977.

Grob CS, McKenna DJ, Callaway JC, Brito GS, Neves ES, Oberlaender G, Saide OL, Labigalini E, Tacla C, Miranda CT, Strassmann RJ, Boone KB. 1996. Human psychopharmacology of hoasca, a plant hallucinogen used in ritual context in Brazil. Journal of Nervous and Mental Disease 184: 86-94.

Grob CS. 1999. The psychology of ayahuasca. In: Ayahuasca, Hallucinogens and Consciousness, Metzner R. (ed.). Thunders Mouth: New York, 214-250.

Hoffmann, E. 1998. Mapping the brain's activity after Kriya Yoga. (Scandinavian Yoga and Meditation School. Bindu 12: 10-13. Itil TM. 1968. Electroencephalography and pharmacopsychiatry. Clin. Psychopharmacol. 1: 163-194. 11

Krupitsky EM, Grinenko AY. 1997. Ten year study of ketamine psychedelic therapy (KTP) of alcohol dependence. The Heffter Review of Psychedelic Research. Volume I. The Heffter Research Institute, Santa Fe, NM

Lukas SE, Mendelson JH, Benedikt R. 1995. Electroencephalographic correlates of marihuanainduced euphoria. Drug Alcohol Depend 37 (2): 131-40.

McKenna D, Towers GHN, Abott FS. 1984. Monoamine oxidase inhibitors in South American hallucinogenic plants: Tryptamine and beta-carboline constituents of ayahuasca. Journal of Ethnopharmacology 10:195-223.

McKenna DJ, Grob CS, Callaway JC. 1998. The scientific investigation og Ayahuasca: a review of past and current research. Heffter Review of Psychedelic Research 1: 65-77

Metzner R (ed.) Ayahuasca: Hallucinogens, Consciousness, and the Spirit of Nature. Thunder's Mouth Press: New York 1999,

Morley BJ, Bradley RJ. 1977. Spectral analysis of mouse EEG after the administration of N,Ndimethyltryptamine. Biol Psychiatry 12(6): 757-69.

Peniston EG, Kulkosky PJ. 1989. Alpha-theta brain wave training and beta-endorphin levels in alcoholics. Alcohol Clin Exp Res 13: 271-79.

Ray WJ. 1997. EEG concomitants of hypnotic susceptibility. Int J Clin Exp Hypn 45 (3): 301-13.

Strassman RJ, Qualls CR, Uhlenhuth EH. 1994. Dose-response study of N,N-dimethyltryptamine in humans. II: Subjective effects and preliminary results of a new rating scale. Archives of General Psychiatry 51: 98-108.

Vollenweider FX. 1998. Recent advances and concepts in the search for biological correlates of hallucinogen-induced altered states of consciousness. The Heffter Review of Psychedelic Research.

Volume I. The Heffter Research Institute, Santa Fe, NM

White NE. 1999. Theories of the effectiveness of alpha-theta training for multiple disorders. In Introduction to Quantative EEG and Neurofeedback Evans JR, Abarbanel A (eds.). Academic Press: New York.

Wikler A. 1954. Clinical and electroencephalographic studies on the effects of mescaline, Nallylnormorphine and morphine in man. J. Nervous and Mental Dis. 120: 157-175.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sobre ayahuasca, psicoses e alucinações

A diferença entre alucinações e visões espirituais autênticas

Aqueles que classificam a ayahuasca como alucinógena desconsideram totalmente as peculiaridades qualitativas da experiência mística que ela proporciona, principalmente no que se refere aos sentimentos evocados e ao grau de lucidez e discernimento do que se experimenta. Se estou em uma sala de aula, vejo entre os alunos a alma de um falecido e não a confundo com demais pessoas presentes, tendo plena lucidez de que se trata de "algo" do outro mundo, não posso qualificar tal experiência como alucinatória. Uma alucinação é a percepção (visual, tátil ou auditiva) de algo que não existe neste mundo material mas que o alucinado acredita a ele pertencer. A marca principal da alucinação é a confusão: o doente/viciado enxerga, por exemplo, um monstro dentro de um shopping center e acredita que o mesmo pertença à realidade física, que exista fisicamente, reage à esta percepção como se ela realmente pertencesse ao mundo material. Poderá gritar, alertar a todos, sair correndo, tentar salvar algumas pessoas etc. Isso é uma alucinação, a qual não só difere completamente das percepções espirituais, como lhes é antagônica. Em contrapartida, e do lado oposto, temos a verdadeira experiência espiritual, na qual o sujeito possui plena consciência de que aquilo que está percebendo pertence a outro mundo e não faz nenhuma confusão. Portanto, a percepção alucinatório é marcada pela confusão e a percepção espiritual é marcada pela lucidez, sendo ambas radicalmente opostas. É importante distinguir bem os dois casos pois é justamente este o ponto mais explorado pela mídia, que está se aproveitando da ignorância geral reinante a respeito para difundir a falsa idéia de que a ayahuasca é alucinógena. Ora, em uma alucinação o sujeito não está consciente da verdadeira natureza daquilo que está percebendo, fazendo sempre confusão. O simples fato de haver consciência já faz da percepção alterada algo não-alucinatório, pois uma alucinação é um delírio.
Além disso, os meios de comunicação também estão desviando o olhar do fato de que muitas vezes as percepções sob efeito da ayahuasca são coletivas. Cinco pessoas reunidas em um ritual poderão enxergar um mesmo jaguar, que executa os mesmos movimentos, tem o mesmo tamanho etc. Os opositores dirão que se trata de uma indução. Mas como eles explicariam a correspondência nas riquezas de detalhes, ainda mais quando tais detalhes estão desvinculados dos elementos presentes nos rituais?
Portanto, além de consciente, uma mesma percepção pode ser coletiva. Gostaria que os inimigos da ayahuasca nos apresentassem casos de alucinações coletivas conjuntas em que todos os detalhes são percebidos pelas pessoas de forma rigorosamente idêntica. Mostrem-me um caso desses e eu lhes mostrarei um caso de percepção espiritual verdadeira.
Vemos, assim, que somente leigos é que atribuem caráter alucinógeno à ayahuasca, por desconhecerem o que são estados de consciência e o que são estados místicos. Se, porventura, um estado alucinatório verdadeiro (no qual não há consciência e nem lucidez e sim confusão) ocorrer em uma sessão de ayahuasca, o mesmo será proveniente de um comprometimento prévio da saúde mental do sujeito e não deve ser atribuído à bebida.
Qualquer leigo percebe a diferença entre um louco que fala sozinho, grita e foge de inimigos imaginários e um místico, seja monge, iogue ou xamã, que relata suas percepões do outro mundo.

Distorção de experiências espirituais autênticas

O fato das experiências da ayahuasca serem verdadeiras não significa que o sujeito sempre possa assimilá-las corretamente e nem que todo mundo possa se meter com ela. Experienciar diretamente as realidades de outras dimensões não é algo que todo mundo possa aguentar ou entender.
Nas dimensões superiores da natureza (desta mesma natureza em que vivemos e que percebemos parcialmente, isto é, tridimensionalmente), desaparece progressivamente a distinção entre o eu e o outro e entre sujeito e objeto. Na sétima dimensão, não existe distinção entre um personagem histórico importante e o sujeito experienciante (por isso os religiosos dizem que no céu há comunhão total entre as almas). Uma pessoa despreparada, que repentinamente caia nessas dimensões, poderá vivenciar a si mesmo como um personagem histórico ao qual atribui muita importância e criar grandes confusões. Ao retornar, poderá acreditar que é fisicamente aquele personagem, desconsiderando que esta é uma realidade e aquela é outra. Em outras palavras, nos níveis superiores e profundos da psique, toda pessoa é Buda, Cristo ou qualquer outro herói mítico. No Tibete, para trazer um discípulo, que tenha ido aos céus durante a meditação, de volta à terra, os mestres costumam bater-lhe fortemente com as mãos. Caso contrário, ele terá dificuldades para viver aqui.
Quando uma pessoa despreparada ou incapacitada por debilidades mentais tem um experiência mística verdadeira, a distorce completamente. Em suma: a ayahuasca proporciona a experiência espiritual real e a pessoa se encarrega de distorcê-la. Os motivos pelo qual uma pessoa pode distorcer uma experiência espiritual podem ser resumidos como "fraqueza de entendimento" ou debilidade mental, seja ela oriunda do uso de drogas, de doenças congênitas, de doenças infecciosas, de traumas violentos etc.
Casos como o do assassino de Glauco demonstram, ou a total incapacidade do sujeito assimilar uma experiência mística verdadeira, ou um estado alucinatório provocado por drogas ou por doenças mentais. No primeiro caso, seria uma distorção de uma experiência espiritual verdadeira. No segundo caso, uma mera distorção da realidade física percebida. Em ambos os casos, a confusão não é provocada pela bebida em si, mas pela debilidade mental prévia da pessoa. É por isso que os xamãs não administram ayahuasca a doentes mentais e nem às pessoas que não se submetam às suas rigorosas disciplinas.

Ayahuasca e os paradigmas materialista e religioso

A alucinação se distingue da visão espiritual pelo estado de consciência.
Um estado alucinatório corresponde a um estado psicótico e se distingue de um estado místico. Nenhum estudioso materialista, psiquiatra ou não, esta apto a dar explicações sobre os estados místicos, uma vez que os desconhece em sua essência, chegando mesmo ao ponto de rotulá-los como inerentemente patológicos. Ao considerar as visões espirituais 'alucinações', os materialistas e ateus estão afirmando a inexistência de outras dimensões e de seus respectivos universos paralelos. Estão, portanto, afirmando serem todas as visões espirituais mentirosas. E esse o primeiro motivo pelo qual não deveriam meter seus narizes, opinando sobre a ayahuasca: eles não sabem do que estão falando.
Em segundo lugar, o estado de consciência, durante a experiência mística sob efeito da ayahuasca, permite ao experienciante diferenciar o que pertence ao mundo espiritual daquilo que pertence ao mundo físico-material, discernimento que não se verifica nos estados alucinatórios resultantes das drogas ou de doenças mentais. Quem não conhece a diferença entre uma experiência espiritual verdadeira (consciente) e os efeitos alucinatórios de uma droga ou psicose não possui autoridade alguma para afirmar se um extrato vegetal e alucinógeno e nem, muito menos, deveria ser consultado por autoridades que quisessem deliberar a respeito.
Justamente por proporcionar uma experiência consciente, em que o sujeito consegue discernir o teor extra-fisico do que percebe, e que a ayahuasca deveria ser classificada como algo à parte das drogas. E também pelo mesmo motivo que os especialistas em drogas pouco sabem sobre esta experiência. A experiência espiritual desconcerta quem tenta entendê-la sob uma perspectiva falseante. Tentar entender, sob a perspectiva das drogas, algo que não e uma droga e sim uma substancia misteriosa, e falsear a analise desde o inicio.
A ayahuasca desafia o paradigma materialista, na medida que desencadeia experiências parapsicológicas e ativa percepções extra-sensoriais, mas desagrada também o conservadorismo religioso, uma vez que da acesso a experiências diretas com o mundo espiritual, dispensando a necessidade de crer sem ver. Desafia também os grupos que não querem que uma visão de amor e respeito pela natureza e pelas culturas indígenas se difunda no pais. São essas as forcas que estão por trás da campanha difamatória orquestrada pela mídia.