terça-feira, 10 de setembro de 2013

Reaprendizagem da vida por uma planta maestra

A experiência da ayahuasca é assimilável e compreensível, apesar de não ser muito definível e nem explicável.

A ayahuasca promove um "desaprendizado" o qual, por sua vez, resulta em um reaprendizado, em um aprendizado novo. As sinapses se tornam livres para sofrer então um rearranjo.O rearranjo das sinapses livres não ocorre ao acaso, é guiado por forças espirituais. Daí a necessidade de sintonia com o Alto antes e durante a experiência. Quanto mais sáttwicos estivermos, mais elevada será nossa experiência. 

Tudo o que vemos, percebemos e sentimos é uma questão de aprender e compreender. Ao longo da vida, aprendemos a compreender o mundo de determinada maneira. O resultado é a nossa atual forma de ver, sentir e perceber as coisas. Nossos erros, vícios, traumas, problemas emocionais, fobias etc. são formas defeituosas de aprendizagem que desenvolvemos através de experiências tortuosas e possuam suas raízes no passado. A forma como recebemos os acontecimentos passados determinou a forma como os vemos hoje.  

Quando você passar pela experiência da ayahuasca, nunca se esqueça: você irá se transformar em outro, será algo distinto.

Quando o nosso modo de compreender sofre uma transformação radical, desenvolvemos a capacidade de enxergar o que antes não éramos capazes e tudo muda. Por isso os xamãs dizem que a ayahuasca é uma planta maestra: ela corrige as aprendizagens defeituosas e ensina.

Algumas vezes, a mudança psicológica é tão radical e súbita que a pessoa se apavora. O medo da ayahuasca é o medo de nunca mais voltarmos à realidade que nos é familiar, à realidade conhecida e que tanto amamos. O medo se deve ao moha. Tememos ficar presos para sempre na realidade espiritual.

Quando você vê uma montanha, não vê a totalidade da montanha, há muito mais a ser visto. A totalidade da montanha ultrapassa em muito aquilo que o olho humano normalmente vê. Sob o efeito medicinal da ayahuasca, vemos os aspectos da montanha (e do universo) que estão além do alcance da vista normal pois nosso modo de entender a montanha muda completamente e nela encontramos formas que nunca havíamos cogitado. 

No fundo, a capacidade de enxergarmos as outras dimensões, os seres espirituais, os universos paralelos, os espíritos da natureza, de sairmos do tempo e do espaço etc. corresponde meramente a uma forma específica de compreender e receber a realidade, mas a mudança não é tão fácil de realizar como parece. As estruturas mentais estão cristalizadas dentro de nós e não cedem ao mero esforço da vontade.

Uma forma rápida e brusca de quebrarmos as estruturas mentais rígidas é através das plantas de poder como a ayahuasca. Uma forma um pouco mais lenta, mas igualmente eficaz e mais "homeopática" é a meditação. E uma forma bem mais lenta, mas muito mais duradoura e enraizada é a Morte do Ego.

Nenhuma planta maestra promove a Morte do Ego, como muitos pensam, mas a ayahuasca a facilita enormemente ao descondicionar o entendimento e ampliar a compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos. E quem negaria que a Morte do Ego depende da melhor compreensão do que somos e da transformação das impressões do que percebemos?